Como recuperar um
membro amputado?
Imagine-se
diante de uma cena terrível:
Você
testemunha uma pessoa se acidentar, ao manusear uma máquina ou ferramenta, por
exemplo, e vê a vítima perder um membro do corpo. Não há nenhum médico por
perto e cabe a você a tarefa de prestar os primeiros socorros. Tudo bem, o
choque e o princípio de pânico são reações naturais, mas, se você conseguir
controlar os nervos, tiver um pouco de tranquilidade e souber como agir nessa
difícil situação, pode se transformar num herói para a pessoa acidentada.
Nota: Antes de realizar
qualquer procedimento, chame o SAMU – 192 ou Bombeiros – 193
Pois
são equipes treinadas para realizar esses procedimentos.
Em alguns
casos, a chance de um membro amputado ser reimplantado chega a 90%. Mas para
isso é preciso agir rápido nos primeiros socorros. "Sem circulação
sanguínea os tecidos podem sofrer necrose em até seis horas em temperatura
ambiente", afirma o cirurgião Rames Mattar, especialista em reimplante de
mão do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Entretanto,
protegendo bem a parte do corpo extirpada, é possível diminuir o metabolismo
celular e aumentar a sobrevida de um dedo, por exemplo, para 24 horas. Já as
amputações que ocorrem em membros maiores precisam de um atendimento mais
rápido. Doze horas após um acidente, um braço reimplantado pode até representar
uma ameaça para a pessoa acidentada. "Na falta de oxigênio no membro, as
células começam a produzir ácido lático e outras substâncias tóxicas, que
entram na circulação sanguínea depois do reimplante. Em lesões maiores, a
quantidade dessas substâncias acumulada pode ser fatal".
O sucesso
da operação também depende do tipo de amputação que a vítima sofreu. Um corte é
bem menos comprometedor do que um arrancamento, porque não danifica tanto os
tecidos. Os casos de esmagamento ou amputação múltipla (em várias partes do
mesmo membro) também são bastante complexos, mas as chances de sucesso dependem
sempre do bom estado de veias, artérias, nervos e tendões. Se tudo estiver em
ordem e o reimplante puder ser feito, os movimentos e as sensações do membro
atingido podem se recuperar quase por completo num intervalo entre três e 12
meses. E aí, a ação heróica e de grande coragem de quem ajudou no difícil
momento dos primeiros socorros certamente será lembrada para sempre pela
vítima.
Ajuda dramática
É preciso estancar o sangue e armazenar a
parte do corpo extirpada em baixa temperatura
Se você
testemunhar um acidente em que alguém sofre a amputação de um membro, como um
dedo, primeiro tente manter a vítima calma, lave com água limpa a parte do
corpo de onde o membro se desprendeu, em seguida pressione o local machucado
com um tecido limpo e tente manter essa parte do corpo elevada para estancar o
sangue. Após cerca de 20 minutos, o sangramento deve diminuir. (Só use um
torniquete em caso de hemorragia extrema).
A seguir
o próximo passo é resgatar o membro amputado. Se possível, lave-o com água,
enrole-o num pano limpo e siga o mais rápido possível a um pronto-socorro ou
posto de saúde.
Se você e
a vítima estiverem distantes de um desses locais, mas tiverem à mão produtos de
primeiro socorro, lave o membro com soro fisiológico. Depois, embrulhe-o numa
compressa ou toalha com soro e guarde-o num saco plástico limpo
O ideal,
então, é encontrar um recipiente térmico (caixa de isopor ou algo similar) para
guardar o membro em baixa temperatura (até 4 ºC). Mas tome cuidado para nunca
deixá-lo em contato direto com o gelo.
Sua
missão final é levar a vítima ao pronto-socorro mais próximo. Lá ela começará
imediatamente a tomar antibióticos e os médicos entrarão em contato com um
centro cirúrgico especializado para fazer o reimplante.
O que é proibido fazer?
Três
reações comuns que devem ser evitadas:
·
Álcool,
merthiolate ou qualquer outra substância do gênero mata os tecidos. Por isso,
não os utilize para limpar a vítima. Na dúvida, é melhor usar só água mesmo, deixando
um médico ou Enfermeiro fazer uma limpeza mais adequada depois.
·
Nunca
deixe o membro amputado ficar em contato direto com o gelo e nem o coloque num
congelador. Ao congelar, a água presente no membro aumenta de volume,
destruindo as células dos tecidos, como uma bexiga que explode.
·
Manipule
o menos possível o membro amputado. Isso pode causar lesões e contaminação com
microorganismos, que podem prejudicar, ou até impedir um reimplante.
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